Ao olhar para a minha história e tudo o que recebi dela, percebo uma criança atenta e perspicaz, cheia de vida e com vontade de extrair todos os aprendizados possíveis. Uma adulta que se construiu com base nessa criança que buscava atender às necessidades do outro, pois dentro de mim existia algo que dizia: você consegue! Você tem condições de ajudar! A questão é que em muitas ocasiões me deparava com minhas fragilidades, mas essas impressões ficavam apenas para mim. Nesses momentos, eu me isolava, chorava, e me recompunha novamente, e lá estava eu tentando outra vez. Uma fé gigantesca movia o íntimo de meu ser.
A visão filosófica espírita que herdei de meus pais apenas fortaleceu em mim esse desejo de evoluir. Ao longo da caminhada, distorci muitos conceitos, e perfeição passou a ser sinônimo de sofrimento, até compreender que por trás disso havia um traço de personalidade perfeccionista, que vez ou outra se sustentava na baixa autoestima. Iniciou-se então uma batalha que travei com o mundo: não cederia minhas forças e faria o possível para cada vez mais entregar algo que pudesse colaborar com o todo. Mas o sofrimento permaneceu. E como diz Freud em outras palavras: nos movimentamos para a mudança quando a dor de ficar é maior.
E assim fui caminhando como A Buscadora de mim mesma, olhando para tudo aquilo que me impelia não a viver, mas a sobreviver, e esse incômodo ia me levando para cada vez mais perto daquilo que realmente interessava: a ressignificação do meu olhar diante das imagens distorcidas que fui construindo ao longo da caminhada evolutiva.
Comecei pela graduação em Musicoterapia. Ainda jovem, meio perdida, não entendia ao certo o que buscava com essa formação. Ao longo da caminhada fui dando novos significados a esse curso, e um deles é que eu poderia ajudar muitas pessoas por meio da música sem que precisasse necessariamente subir aos palcos para me apresentar a uma multidão. Eu ajudaria de outra forma. E assim o fiz. Enveredei-me pela Saúde Mental e Dependência Química e comecei a atuar tanto na promoção quanto na prevenção. Foram mais de 12 anos trabalhando com a musicoterapia voltada para a psiquiatria, com crianças, jovens, adultos e idosos.
Para melhor ajudar o outro, passei a buscar novos caminhos: especializações, pós-graduações, retiros, formações, estudos, autoestudos, livros e mais livros. Veio então a Psicopedagogia, a Psicanálise, o Eneagrama, o Thetahealing, a Terapia de Vidas Passadas, o Coaching, e tudo corroborou para, de fato, olhar para isso. Por que buscava resposta em tantas formações?
Quem eu realmente estava querendo ajudar?
Até perceber que a busca era minha, o outro me movia para dentro de mim. Precisei olhar profundamente para isso, e mergulhei na análise novamente, mas agora querendo enxergar o que era realmente necessário. A partir daí, decisões importantes foram tomadas.
Veio então a formação em Constelação Familiar. Ali, a compreensão do movimento que fazemos por amor veio com mais clareza, mas em muitas ocasiões um amor adoecido. Fui percebendo quantas decisões havia tomado ao longo de minha caminhada fundamentada no olhar da criança ferida e mimada, aquela criança que, magoada, procura desviar-se de toda a sua história, de todo o seu sistema. Foi quando fiz todo um movimento interno para realinhar minha postura diante de meus pais e de todos aqueles que vieram antes de mim. Resumindo, ao voltar para o lugar que era meu, a música passou a ter uma conotação muito mais ampla em minha vida, e pude enxergar com maior exatidão esse projeto Rumo à Evolução. E assim ele nasceu em sua formatação de Escola de Desenvolvimento Humano, pois me coloquei a serviço deste chamado, a serviço da vida.
Rumo à Evolução nos convida a olhar para o que é preciso e então realizar a partir do que realmente somos. Para tal, caminhamos com o outro em busca da resposta três perguntas: 1. O que eu sou? 2. Quem eu sou? 3. Onde quero chegar? E claro que as respostas são de caráter extremamente pessoal, ou seja, o que buscamos é apresentar os caminhos de volta para casa.
O aspecto filosófico que norteia a Escola Rumo à Evolução, com foco no desenvolvimento humano, nasce por meio de uma história reinventada, reajustada e persistente, em que o sonho está em primeiro lugar, porém com uma característica marcante de busca incessante pelo autoconhecimento, onde cada situação experienciada é uma oportunidade de conhecer-se, de olhar para dentro, de desnudar-se internamente.
Um movimento contínuo de construir, desconstruir e reconstruir-se, tendo no íntimo uma única certeza, a de que a Terra é uma Escola.
E é essa certeza que alimenta o ser para buscar sua melhor versão a cada dia, pois sabe que o ‘aqui’ e o ‘agora’ é que irá permitir-lhe um caminho de autoiluminação. Dessa forma, observando tudo o que se repete em comportamentos e que se revela por meio da dor, o indivíduo, ao acolher essa dor e buscar aprender com ela, irá entender que essa dor não pertence à essência que se é, mas, sim, àquilo a que ainda se encontra apegado: às construções egóicas, ou seja, aos inúmeros papéis que representamos diante de nós e do outro e que nos fazem acreditar que somos aquilo ali.
Hoje, como pesquisadora da mente, tanto em âmbito teórico quanto prático, aceito, definitivamente, que somos um complexo biopsicosocioespiritual. Todos os caminhos terapêuticos aos quais me aventurei me levaram ao que nunca deixei de ser, apenas foi necessário integrar A Buscadora com aquela que era Buscada, somente assim pude experienciar a liberdade de apenas ser, conectada com o meu ‘aqui e agora’.
E assim sigo Rumo à Evolução, servindo à vida por meio da honestidade, respeito, escuta ampliada, beleza e amor! Buscando honrar o maior presente que já recebi: a vida por meio de meus pais!